BAGS 101
Não me quero estender na introdução a este post, por isso recomendo vivamente a que leiam o anterior "Moda Ecológica". Dito isto quero apenas reforçar a ideia base para o actual: nenhuma marca ou item é perfeito, há que priorizar os pontos que mais importância têm para nós, e depois desse balanço feito, procurar aquela mala (saia, pulseira, gel de banho, etc.) que vai de melhor encontro às nossas convicções e necessidades.
1) FURLA
Satchel mini - cabernet
195€
*cor descontinuada*
Esta foi a primeira mala boa que comprei. Fiquei rendida desde o seu lançamento em 2010. Na altura estava no 8ª ano, e a irmã mais velha de uma grande amiga amiga tinha uma destas tão desejosas malas. Sempre que ia a casa dela ficava a olhar para a mala! Mas a obsessão foi esmorecendo, no entanto, com o passar dos anos, a mala nunca deixou de me chamar a atenção. Foi então que no ano passado decidi que queria investir numa mala boa, mas que não fosse de pele. Queria que a minha primeira "grande" mala fosse eticamente pura. Os meus requisitos foram:
. prática para andar na cidade de transportes
. resistente, tanto à chuva como ao sol
. numa cor básica que desse para usar todos os dias
. que o ipad que uso para tirar notas na faculdade coubesse
Foi então que me decidi pela candy bag mini, para que pudesse comprar a alça comprida (que se vendia à parte) e seria assim perfeita para andar no dia-a-dia e escolhi na cor winter rose. No entanto, com o uso, a parte da mala que roçava nos meus sobretudos começou a ficar preta. Fiquei tão chateada, não tinha pago quase 200€ para passado menos de 1 ano a mala já estar com um aspecto usado. Fui então à loja FURLA onde tinha comprado a mala e deram-me a opção de trocar por outra. Optei então por uma cor escura. No início não fiquei muito animada com esta troca, visto que a cor inicial era a minha favorita. No entanto, passado um ano, ainda estou a usar a mala todos os dias! A cor é perfeita, é diferente da típica mala preta ou castanha, mas não deixa de ser clássica, como o material da mala não é nada convencional, fica o perfeito equilíbrio entre estilos. Entretanto descontinuaram as alças compridas (e penso que também vão descontinuar as malas), por isso fiquei com a alça inicial. Mais o pom-pom cinza fica a combinação perfeita para uma statement bag!
Prós:
. tamanho compacto
. resistente a diferentes meteorologias
. versátil
. original
. cabe um iPad mini na perfeição
Contras:
. pvc
. a alça comprida tem apontamentos de cabedal nos fechos
2) TOTE BAG
algodão biológico - branca/preta
Já que nas outras malas sei que me vou estender na descrição, nesta vou combinar com a mala e vou simplificar.
Não há nada mais prático do que uma tote bag, principalmente se a mesma não tiver logos.
Vamos ao supermercado? check. Precisamos de um saco extra para um ida ao shopping não programada? check. Tenho que devolver uns tupperwares mas não quero depois passar o dia todo com uma mala extra? check. Quero ser hipster e ir à feira da ladra comprar vinís? check. Qualquer uma serve, o único requisito fundamental, para mim, é que seja de algodão biológico.
Prós:
. ? todos!
Contras:
. mainstream fashion
3) MATT&NAT
Bowling Bag - mitsuko - cardamom
98€ (saldos)
*cor descontinuada*
Para quem não conhece a MATT&NAT, pare tudo o que está a fazer e vá dar uma espetadela no site deles! É uma marca cuja missão é fazer malas 100% vegan, cujo interior é feito de um material reciclado de garrafas de plástico. E apesar destas "restrições" todas, fazem as malas de "cabedal" mais elegantes e de excelente qualidade que já vi à venda.
Têm modelos para todos os gostos e a paleta de cores é nos básicos, nudes e pastel.
Para quem tem um espaço de trabalho mais formal ou gosta deste tipo de cortes no que toca a bolsas, então esta é a marca a apoiar.
Uso esta mala quando sei que vou passar um dia longo fora de casa, onde vou precisar de mais coisas do que é habitual (ex.: guarda-chuva, casaco de malha, livros, etc).
Lançaram recentemente a mala HOPE, que para além de todas as premissas que a MATT&NAT já engloba, acrescenta-se a de o custo da mesma reverter por inteiro a favor de uma instituição à escolha do consumidor.
Prós:
. o "cabedal" é perfeitamente imitado em termos de aparência e textura.
. extremamente confortável
. elegante
. vegan
Contras:
. ainda que explicado por extenso no site deles o porquê, são feitas na China
4) LANCEL
Brigitte Bardot - cotton - black
+/-250€ segunda mão
*descontinuada*
A mala dos meus sonhos.
Já vos falei da FURLA, que foi uma mala que desde o seu lançamento, nunca deixei de ter aquele desejo de a ter. Pois bem, 2010 foi um ano em grande, pois foi exactamente durante esse ano que a LANCEL lançou a sua bolsa Brigitte Bardot. Penso que não é necessário falar-vos do mito que é Brigitte Bardot e o enorme peso que esta personagem teve durante os anos 50 e 60. Hoje em dia, quando se fala na Brigitte Bardot pensa-se no sexy, no atrevido e expontâneo lado da sua personalidade e tende-se a esquecer com desdém a figura agora envelhecida e "estravagante" da outrora sex symbol. É verdade que Bardot foi tudo isto e muito mais, e o seu nome agarrou-se ao nosso imaginário colectivo como o apogeu da sensualidade e positivismo liberal em ser mulher. Foi no entanto, nos anos em que o seu corpo começou a mudar de forma, e os seus cabelos perderam o volume, que esta Mulher começou talvez o capítulo mais significativo da sua existência. Virou-se para a protecção dos animais, sendo a maior activista contra o uso de peles de animais para roupa. Hoje o seu nome está associado à fundação que criou e o seu trabalho é da maior importância para a defesa do planeta e dos seres que nele vivem.
E o que é que isso tem a haver com a mala? É só porque se chama Brigitte Bardot? Grande golpe de marketing… Só que não.
A LANCEL, marca conhecida pelo fabrico de acessórios e bolsas de cabedal contactou Brigitte Bardot para um modelo lançado com o seu nome e envolvimento artístico. Bardot, numa jogada extremamente inteligente, em vez de recusar associar o seu nome a uma casa que era e é tão conhecida pelo uso de pele, aceitou a proposta. Renunciou a parte artística deixando-a ao então director criativo da casa, Lancello Borghi, e em contra-partida exigiu que a mala não tivesse um único material de origem animal. Para além disso os materiais tinham que ter uma componente ecológica.
Aqui podem ver um video onde Leonello Borghi expõe os passos da criação da mala e o porquê dos detalhes por detrás da mesma. É fascinante.
Esta é a razão pela qual me apaixonei por esta mala. Não só a componente estética agradou-me enormemente, como toda a história por de trás da mesma justificavam o preço.
Para mim, a moda pode fazer peças "perfeitas" sem que tenha que comprometer os princípeis éticos que devem guiar o nosso julgamento todos os dias. Esta mala é o exemplo ideal.
A mala foi descontinuada mas ainda se encontram muitas à venda em segunda mão (cuidado com as imitações!)
Comprei a minha no início deste ano, em segunda mão, por 100€, no entanto a maioria ronda os 200/300€ sendo que o preço original ia dos 600€ aos 900€ dependendo da cor e do material.
Prós:
. algodão biológico
. vegan
. tintas naturais de extractos de frutos
. qualidade
. versatilidade
Contras:
. Made in China
Deixo-vos aqui, na versão de Dário Moreno, com a música que canto na minha cabeça e para quem estiver perto para a ouvir, sempre que uso a mala.
5) SUSUU . WAYUU BAG
Wayuu - bolso artesanal - étnico
69€ (saldos) + 15€ portes
*muitas cores disponíveis*
Colombia! Entre o liceu e a faculdade, a minha irmã tirou um ano sabático, que passou em França, Tours, a aprender a língua no Institut de Touraine, onde fez muitos amigos. Pois a maioria destes eram da América Latina, mais especificamente da Colombia.
Quando voltou para Portugal, para além das lágrimas, trouxe as música, a comida, a língua (mais a espanhola que a francesa) e passou-me a vontade de melhor conhecer a cultura dum povo tão próximo e distante do nosso.
No ano seguinte passou as suas férias de Verão na Colombia e ao regressar trouxe presentes fantásticos, entre os quais uns brincos com uma ave do paraíso laranja, que sempre que uso tenho imensos elogios.
Penso que foi no ano seguinte que também a minha Mãe foi à Colombia e de regresso mostrou-nos as compras que fez. Uma delas era uma bolsinha para ter o telemóvel ao pescoço lindíssima. Feita de uma fibra natural, contou-me que este tipo de artesanato era da autoria da tribo Wayuu, onde as mulheres índias teciam estes bolsos de todos os tamanhos e cores. Confessou a vontade de ter comprado uma maior, mas que o preço delas não era muito convidativo, ficando-se então por uma mais pequena.
Começou a pesquisa aqui da maníaca. São lindas estas bolsas, o mais difícil é escolher a cor. Mas tal como a minha Mãe me avisou, são caríssimas! Mas eu quando quero uma coisa, pode demorar anos até a ter, mas não desisto.
Foi então que depois de muitas horas na internet, me deparei com esta marca espanhola que tem uma enorme selecção de bolsas originais da tribo Wayuu, onde tudo o que faz é adicionar um circulo de metal com o nome da marca, o que eu até acho que lhes dá um ar mais citadino.
Agora, a dica que vos deixo é: sigam a marca no instagram e esperem pelo anúncio dos saldos. E então é a LOUCURA!
Enviam para Portugal, mediante um email a expressar essa vontade.
Prós:
. fibra natural (neste caso algodão)
. extremamente versátil
. original
. resistente à sujidade (dependendo da cor)
. grande variedade
Contras:
. sinceramente não encontro nenhum, talvez o preço seja inflacionado, mas as tribos indígenas já estão bastante integradas na sociedade "moderna" para que sejam exploradas, o que me leva a crer que os preços sejam de comércio justo.
6) 202 FACTORY
Clear Clutch
+/- 100€
*descontinuada*
Esta mala chamou-me a atenção logo que a vi na página de alguém no Tumblr. Lembro-me de a ter mostrado à minha Mãe, que na altura disse "Oh! Isso passado algum tempo o plástico fica amarelo…" E então desisti da ideia, já para não falar que não ia pagar 100€ e picos por uma clutch de plástico.
No dia-a-dia nunca uso malas que impliquem que as tenho que ter na mão, seja porque tÊm uma alça curta que não dá para levar ao ombro ou porque não têm alças de todo. No entanto, em festas, gosto muito do look de uma clutch, o problema é que é preciso ter 50 mil que combinem com a estética e dress code de cada evento. Sempre que me deparava com este "dilema", lembrava-me desta clutch.
Foi então que pela recomendação da activista Lauren Singer (defensora de uma vivência sem produzir lixo, sigam-na aqui), pesquisei pela loja de segunda mão nova-iorquina Beacons Closet, que para meu espanto tinham uma loja online. Queria tudo, e fui abrindo separadores atrás de separadores, até que vi esta clutch. Existem muitas imitações na Clear Clutch da 202 Factory, mas a não ter a original, prefiro não ter. Já para não falar que este modelo exacto tinha sido descontinuado, estava à venda neste site por 26$! Mine!
Prós:
. adapta-se a várias ocasiões, sendo que só é necessário ter uma única clutch (extremamente versátil)
. original
. resistente à chuva
Contras:
. este modelo mais simples foi descontinuado -.-
. pvc
. vê-se mais a sujidade
. o fecho não é dos mais simples…
. relativamente à loja, só exporta para os EUA
!ONE DAY!
Muito bem, agora vou falar-vos de duas malas que não tenho, mas que estão na minha wishlist.
) STELLA MCCARTNEY (
Light Grey FALABELLA Shaggy Deer Fold Over Tote
795€
Mas que caso fantástico onde um nome como o McCartney volta a afirmar-se numa perspectiva completamente diferente e independente.
Tal como Alexander McQueen, Stella McCartney aprendeu as artes da costura na famosa Savile Row em Londres, onde os mestres alfaiates constroem fatos à medida dos seus clientes desde o século XIX.
Após licenciar-se em Fashion Design pela Central Saint Martins estagiou com nada mais nada menos que com o próprio Christian Lacroix e sucedeu a Karl Lagerfell no posto de Directora Criativa da Chloé.
Não sei se é coincidência ou não, mas também de 2010 é a Falabella Bag, que rapidamente se tornou numa it-bag e num staple da marca.
Penso que é o sonho de qualquer fashionista e/ou ambientalista de um dia poder ser dona de uma destas malas. Stella McCartney criou A MALA que grita effortless. Vamos vestir uns jeans rasgados e uma t-shirt. Atiramos a mala para os ombros e off we go. É uma mala que se adapta ao decorrer do dia, podendo ser usada de varias maneiras sem que para isso seja preciso pôr ou tirar acessórios extras. Apesar da sua linha relaxada, a corrente que delimita a mala e forma a alça, acrescenta um hardware simultaneamente simples e marcante.
Deixo-vos aqui com uma entrevista feita pela VOGUE à estilista onde ela explica o seu processo criativo. Acho memorável a forma como a designer expõe a importância da moda sustentável ao mesmo tempo que diz que o seu principal objectivo é criar peças fantásticas que as suas clientes queiram usar, a componente ecológica fica a seu cargo, não sendo um conceito a explorar no seu marketing ou criações. Estou completamente de acordo com esta abordagem à moda, onde o sustentável e o ecológico têm que estar sempre presente, e acredito que no futuro não será necessário alertar consciências para este factor, de tão impregnado que estará. As cores, as texturas, os cortes esse sim é o foco, e é a melhor maneira de espalhar a mensagem de que para proteger os animais e o planeta não se tem que abdicar da moda. Esta entrevista faz parte de uma série intitulada VOGUE VOICES que recomendo muito ver, pois tem convidados como Tom Ford e Marc Jacobs e está realizada de forma a que o espectador sinta que está numa conversa casual onde são respondidas perguntas que não sabia ter. Faço também aqui uma especial menção à entrevista de Albert Elbaz, a qual podem encontrar neste link, Director Creativo da casa Lanvin, pois fez-me conhecer um homem que ficou sem dúvida na lista das pessoas que um dia gostava de ver e falar pessoalmente. Uma pessoa informada, uma pessoa sensível e sobretudo uma pessoa ciente do seu papel e da pouca e muita importância que tem.
) MATT&NAT 2 (
Diaper Bag - raylan med - chili
190€
*normalmente "descontinuam" e relançam a mala sob um nome diferente*
Sim, eu sei que não sou Mãe, mas esta "mala para fraldas" é simplesmente genial.
Somente o futuro dirá se serei Mãe e que tipo de Mãe serei, mas se depender de mim, vejo-me como uma Mãe relaxada mas não desleixada, e é por isso que a minha mala cheia de fraldas, chupetas, biberons e toalhetes, vai reflectir isso.
Esta é uma mala que para além de ser muito prática para as mommys, pode ser facilmente convertida para uma mala de fim-de-semana.
É ideal para quem quer ter a certeza que tem TUDO e mais um bocadinho caso o seu bebé precise e ao mesmo tempo, um fácil acesso a esse TUDO. Esta mala está extremamente bem concebida. Tem muitas ranhuras e espaços para uma organização on fleek, e a aparência de ser cabedal proporciona-lhe um ar mais clean e moderno.
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