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NÃO

By 16:22



Pouca gente sabe porque não é algo que esteja presente na minha vida activa, mas a minha grande paixão é o cinema. Ao longo da minha vida fui-me desligando de uma série de coisas que me apercebia que só traziam dor ou que não contribuíam para a minha formação, pelo menos não para aquela que eu desejava ter. Mas sempre que o assunto era "cinema", sentia, sem ver, que o meu olhar brilhava, que cá dentro algo estava vivo e pronto para a acção e que nunca se cansaria de lutar por esse sonho.
É através do cinema que ideais e sentimentos chegam mais facilmente e a um maior número de pessoas. O problema é que na maior parte das vezes esses ideais e sentimentos estão manipulados por empresas e "big bosses" que não têm o mais pequeno interesse em formar as pessoas. Em dar-lhes de que pensar. Em ensinar-lhes que elas têm uma voz, e que a podem usar.
Hoje em dia não vou ao cinema. Não tanto quanto gostava. Porquê? Porque é caro? Também, mas sobretudo porque os filmes que me são propostos parecem-me ofensivos e o meu discernimento não me permite pagar para ver comédias americanas em que adolescentes bebem e discutem o problema de beijar aquele rapaz ou ir para a cama com o outro que é muito giro. O porque um filme dito triste e sentido é o de uma rapariga muito coitadinha que é feia e ninguém gosta dela e que no fim faz uma mudança de visual e todos passam a gostar muito dela e fica tudo muito feliz.
O próximo parágrafo vai fazer revirar olhos. Pelo menos a próxima frase, mas espero que o revirar fico por ai. Há pessoas a morrer à fome! (sim, já sabemos, os coitadinhos lá nas Áfricas). Choca-me que às vezes na faculdade estejamos a debater um tema deste género (sim, eu ando em humanidades, somos todos muito intelectuais) e que no momento a seguir já estejamos a discutir se vamos almoçar na cantina ou na esplanada. A nossa sociedade (e nela eu estou também incluída) já nada nos choca. O poder das imagens deixou de ter poder. Somos bombardeados todos os dias com toda a espécie de imagens, publicidades, notícias. Basta pegar nos nossos smartphones e BAM BAM BAM. "Morreram 100 pessoas vitimas de um atentado terrorista" "Vai estrear uma nova novela" "um segundo terramoto atinge o Nepal" "Benfica ganha ao Sporting". Já nada nos choca. Sim morreram lá não sei onde, coitadinhos, que tristeza, bem adiante.
NÃO, não é adiante. Nós escolhemos o destino das nossas vidas, e somos nós, os privilegiados que temos o dever de lutar pelos que não tem voz.
Este filme NO não passou nos cinemas ditos "normais". Passou sim no Indie. E está já à venda em DVD. Comprem! Vejam o filme. Este mostra-nos um momento histórico durante a ditadura de Pinochet no Chile, quando num referendo que se pensava manipulado, as pessoas não desistiram, não se encolheram perante as intimidações, e lutaram pelos seus direitos, conseguindo vencer um terrível ditador. Lutar contra a moleza. Sim, moleza de acreditar que ir a uma manifestação lutar pelos nossos direitos não serve para nada. Lutar pelos que neste preciso momento morrem de fome. Dar sentido à nossa vida, não ignorar o que se passa no mundo em que estamos, se todos os que não sofrem de fome, doença, violações, atentados de guerra, se juntassem e lutassem pelos direitos e pela vida dos que sofrem, já tudo tinha acabado… Eu não pretendo desistir e espero que no dia em que trabalhar no cinema, consiga fazer filmes de qualidade, que possam ajudar a mudar o rumo das coisas. Pois muito já mudou, mas muito ainda precisa de ser mudado. Vamos escrever História…

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